Porque ser pai me fez um profissional melhor

September 9, 2020

Tive uma infância e adolescência humilde em Boituva e sempre acompanhei a dura labuta do meu pai, que viveu durante anos a difícil missão de ser caminhoneiro. Minha mãe cuidava de 3 filhos sem poder contar com a presença dele.

Não é fácil carregar uma profissão que te afasta da família e deixa pouco tempo para estar com quem ama. Mas ele tinha que sustentar a casa e, mirando seu exemplo, comecei a trabalhar muito cedo.

Aos 7 anos já era empacotador no mercado Sesi. Entre 8 e 10 fui guarda mirim na Lojas Luvizotto. Aos 11 fui chapeiro na lanchonete Zangão e aos 13 ingressei na contabilidade na metalúrgica Taunuz, onde fiquei até aos 19, quando fui para Hankel, também para área contábil.

Estudava no período da manhã e trabalhava à tarde. Sabia que somente estudando e trabalhando muito poderia ter uma vida menos sofrida que a dele. Fui resiliente e apaixonado por aprender, crescer, conquistar. Nunca parei de correr atrás dos meus sonhos para chegar onde estou.

Nas férias adorava viajar com ele no caminhão e ouvia atento suas histórias e lições de vida. Sua influência foi muito marcante na construção da minha jornada. Desde criança sempre pensava em como construir um futuro melhor para mim e para quando chegasse a hora de ter minha família.

Em todos estes anos, ficava no escritório 14 a 15 horas por dia, trabalhava aos finais de semana e me entreguei por completo à minha vida profissional. Até que meu filho Davi nasceu.

Aquele pequeno ser de luz mudou tudo. Ser pai me fez um executivo melhor, mais humano, transformou minha visão de mundo, trouxe um novo propósito para minha carreira. Já não trabalhava mais por mim e pela minha esposa. Agora, tínhamos alguém para zelar, alguém para se preocupar.

Hoje tenho abaixo de mim (prefiro dizer trabalhando ao meu lado) mais de 26 mil funcionários. São 26 mil famílias que dependem da sustentabilidade da nossa empresa para garantir a subsistência e uma vida digna.

Com este olhar de pai passei a ser um gestor mais cauteloso na hora de tomar decisões. Continuo trabalhando muito, mesmo porque amo demais o que faço, porém aprendi a entregar mais em menos tempo. Sei que o pequeno Davi está em casa me esperando e precisa do meu afeto, da minha atenção.

Nem sempre é fácil. Os desafios do mundo corporativo muitas vezes exigem foco e dedicação integral. Mas entendi que, ao reservar um tempo para brincar com o Davi, recarrego as energias e aprendo a exercer uma liderança mais humana.

O artigo de Lana Bella aqui no LinkedIn (-Pai, o que você quer ser quando crescer?) me fez refletir sobre como criar um(a) filho(a) pode trazer um novo combustível para nossa vida profissional e como esta relação paterna / materna é uma janela para uma “vida com significado”, como a autora escreveu.

Sim, o bom pai precisa ser um bom líder do seu filho para ajudá-lo a amadurecer até que possa caminhar com as próprias pernas. O maior legado que pode deixar para seus herdeiros é construir sua própria ausência. E isso exige, assim como na empresa, dar o exemplo e motivá-lo a também perseguir seus sonhos.

Ao Davi, que está com 4 aninhos aprendendo os números e letras e logo logo poderá ler este artigo, deixo aqui alguns conselhos:

- Seja amigo do seu pai.

- Seja amigo do seu professor e dos seus líderes e colegas.

- Cultive o gosto pelo estudo.

- Seja íntegro e justo nas suas decisões.

- Lembre-se sempre do que disse o filósofo Mário Sergio Cortella ao seus filhos sobre o segredo da vida: “Vaca não dá Leite, você tem que tirar!”. “O estudo, a profissão, a competência exige dedicação, esforço, habilidade”. Então, Davi, levante cedo para tirar seu próprio leite.

- E escute também o que Rocky Balboa disse a seu filho: “O mundo não é um mar de rosas. Na verdade é um lugar ruim e asqueroso. E não importa o quão durão você seja, apanhará e ficará de joelhos; e ficará ali se permitir. Nem você nem ninguém baterá tão forte quanto a vida. Não importa o quão forte possa bater, e sim o quanto pode levar golpes e continuar em frente. Assim é a vida!”

PS: Se você ainda não é pai ou mãe nunca é tarde. Acredite. Um filho não vai comprometer sua vida profissional. Ao contrário, te fará um(a) profissional melhor. Super recomendo ;)

(*) Marcelo de Sá é Diretor de Controladoria do Grupo Petrópolis, fabricante das marcas de cerveja Itaipava, Petra, Black Princess, Cacildis, Crystal, Lokal e Weltenburger Kloster, das marcas de vodka Nordka e Blue Spirit Ice, do refrigerante it!, dos energéticos TNT e MAGNETO, do isotônico IRONAGE e da água mineral Petra.

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